A canção do mar
« fui bailar no meu batel
Além do mar cruel
E o mar bramindo
Diz que eu fui roubar
A luz sem par
Do teu olhar tão lindo
Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração
Vem cá ver bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo
Vem saber se o mar terá rezão
Vem cá ver bailar meu coração
Se eu bailar no meu batel
Não vou a o mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo”
No seculo X, a cidade de Lisboa tinha mais de 100 000 habitantes. Ela era um grande centro comercial. Ela recolhia os seus produtos e trocava-os por produtos do Mediterrâneo. Com Constantinopla, Salónica, Cordova e Sevilha, era uma das maiores cidades da Europa.
Através de uma reflexão sobre o fado desejo abordar a noção de consciência coletiva. O fado representa a liberdade de expressão do Portugueses. Uma oportunidade para nos exprimir-mos entre amigos, para nos reunir-mos e passar-mos uns bons momentos juntos. O canto da relação dos pensamentos, das apreensões e das alegrias, do amor e da política é o que reúne os homens na liberdade, aí está a origem do fado.
Os músicos acompanham à guitarra portuguesa o fadista ou a fadista. A sua guitarra é de forma redonda, importada no Portugal pela colónia inglesa do Porto. Mas os guitarristas adaptaram-lhe uma cabeça viola de arame. O instrumento torna-se a guitarra portuguesa com um som diferente nascido das suas doze cordas. A viola de arame ou banza acompanhava as cantilenas, as modinhas brasileiras, os cantos nas romarias, as canções populares nas tabernas. O tampo, designado por tampo harmónico, é construído de madeira pouco densa e portanto muito flexível para vibrar com o som. É feito de pinho de Flandres ou de Veneza. E por conseguinte é procedente da riqueza das relações induzidas pelo meio portuário. O canto benefícia, como o instrumento, da riqueza das relações costeiras. A história do fado é a de Portugal. Apenas alguns pontos serão abordados a fim de exprimir, com o grito do fado, a necessidade que o justo e o seu trabalho não seja mais oculto e que permite assim o aparecimento da noção de consciência coletiva ?
Na novela de José Saramago, A história do cerco de Lisboa, os “muezins” são cegos, como o quer a tradição do Islão que lhes confiava a chamada à oração. Em 1147, a cidade de Lisboa foi reconquistada pelos cristãos. Foi o início da reconquista de toda a Península Ibérica. As forças de Afonso Henriques atacaram à hora da convocação dos fiéis à oração[1]. Se depois os “muezins” calaram-se, o povo continua a cantar à Lisboa. O grito do fado continua a ser uma chamada para o povo português. A canção cruz de guerra exprime uma relação que reúna todos os homens. “E a pobre mãe rematou, neste contraste: -Dorme, dorme, o sono eterno, filho meu! Por causa da cruz-de-guerra que ganhaste, quantas mães estão chorando como eu?!...”[2]. A canção permite-lhes unirem-se na adversidade, na esperança de mudanças. Esta riqueza do fado será objecto das cobiças políticas com a ditadura intelectual do comunismo e depois com a ditadura de Salazar. A voz popular não pode escapar as múltiplas influências. Nesta luta, a voz toma entoações mais acentuadas e mais fortes para escapar ao destino. O fado renasce sempre diferente da preocupação do povo de fazer-se entender, manifesta-se mesmo na política. No início do século XX, um novo tipo de espetáculo aparece, a revista. Nascida em Paris no século XIX, retoma com humor os acontecimentos sociais e políticos do ano. Mas a revista multiplica-se. Em vez de ser um acontecimento anual, ao longo de todo o ano, os teatros, cenas e feiras expõem as suas caricaturas e contestações. O fado é um meio de expressão eficaz para este tipo de espetáculo.
I O casamento
O carácter não silábico do canto do fado, os prolongamentos apaixonados das suas vozes aproxima o fado da música modal do canto oriental. No Portugal existe uma lenda mourisca com virtudes mágicas. Por ocasião das festas, como a de São João, a água das fontes na entrada das aldeias dá lugar às visões « da Moura encantada ». A moura encantada é o tema de numerosos contos. A Princesa Moura é uma muçulmana encantada que habita ou é cativa num castelo e apaixona-se por um cavaleiro cristão do tempo da reconquista. O encantamento é a dor da mulher Mourisca de nâo poder casar-se com aquele pelo qual está apaixonada. Ela não pode escolher o seu destino. A tristeza da mulher mourisca fechada no seu castelo, ou dos namorados separados pelas viagens ou pela morte é uma das expressões da saudade. A saudade é feita para amar de acordo com a Lenda de Alcácer do Sal[3]. « Havia nela uma tristeza ausente, feita de saudades do que não lembrava mas amava ». Se a saudade entra na poesia, os cantos permitem entrar numa consciência colectiva. A partilha permite conhecer-se, reconhecer-se no outro, superar ou evitar as dificuldades. Assim, as lendas mouriscas podem ser de advertência das dificuldades para os namorados, das dificuldades em casarem-se entre muçulmanos e cristãos. É o assunto da Lenda da cova encantada, A lenda do mouro do Cabril, Lenda do cinto da moura… . O encantamento da moura pode ser causado pelo pai, um irmão ou um outro mouro para guardar os tesouros. O desencantamento pode ser obtido com um beijo, algumas palavras, um bolo… As lendas mouriscas podem ser também a necessidade de realizar o desencantamento para obter a moura amada. A moura amada é a imagem da alma. A independência da alma pode ser obtida ultrapassando as pressões familiares. As obrigações do irmão, o desejo de perfeição da mãe, os malogros do pai podem pesar sobre aquele que se torna independente. Se cada um caricatura o seu papel com excessos, faz-se pai negando a sua parte feminina, negando a criança que vive nele, então volta à fase bombeiro. Os pais incómodos de Kafka, as mães possessivas e protetoras de Louise Bourgeois, os imãos ciumentos desde Cain e Abel vivem com a sua identidade com excessos e tornam-se os bombeiros de fogos que eles próprios provocaram. No filme, Aquele querido mês de agosto[4], o primo da jovem cantora rouba o tesouro da jovem rapariga. A responsabilidade infantil de proteção do primo justificada na infância transforma-se perigosamente. A mãe ausente esconde a beleza dos sentimentos que unem o pai e a rapariga. O despeito familiar traduz-se então por uma falta de respeito mútua. A alegria dos reencontros de verão e do regresso dos exilados transforma-se em amargura. Os mais frageis separam-se da sua família com feridas ainda maiores. Na mulher-casa[5], encontramos uma jovem mulher que é desaprovada pelo meio profissional do seu marido. Os prejuízos morais, as infrações à infância e aos menores dos colegas e superiores são impostas a este jovem casal que acaba por encobrir a situação. Num ambiente de maldade e de despeitos a jovem mulher encontra-se isolada mesmo do seu marido. A luta num meio fechado, centra-se na jovem mulher, no entanto, inocente de todas as traições das quais não tem nenhumas provas mas que escurecem as relações até destruí-las. Finalmente o mal leva sobre o bem e os que tentavam construir uma família no respeito dos outros encontram-se separados. Os vencedores souberam dividir para impor as suas traições. Estes dramas são as advertências dos riscos em não levantar o encantamento com algumas palavras, leite que faz sair as cobras dos seus esconderijos. É uma advertência, da importância de ser um adulto com uma consciência para tomar as boas decisões. Mas não podemos parar aqui sem a consciência colectiva que é a responsabilidade de todos. Seria demasiado fácil. A pessoa é única na sua tomada de decisão. Mas a pessoa não é separada do seu meio social. O grupo social e as suas pressões têm um grande papel. Contraindo um casamento, os cônjuges entreguem-se no casamento frente à sociedade que é a Igreja, a família, o meio profissional... Se as intituições não reconhecem as suas obrigações com as famílias e os compromissos de cada membro duma família, o casamento não existe mais. Sem querer a perfeição, parece importante respeitar os estudos, as relações, os conhecimentos, os compromissos de cada um dos cônjuges. Aí está o que denúncia Tânia Ganho. A jovem mulher é isolada, troçada para destruir a sua autoridade em frente das imoralidades sobre a infância e os menores, cometidas pelos colegas e superiores do meio profissional do seu marido. A história termina mal porque esta história é testemunhada pelo facto de que hoje os que tentam construir uma família com base no respeito dos outros vêem-se obrigados a separar-se quando os que violam a moralidade da infância permanecem escondidos e continuam os seus atos. A calúnia incide sobre a pessoa honesta e a sua dimensão humana é-lhe recusada. Os assassinos vão procurar a palha nos olhos da jovem rapariga com a cobarde cumplicidade das suas relações, para esconder a viga que estorva o olhar dos assassinos. Cedo, a ironia dos olhares viola a jovem rapariga que deixa a humanidade sem alma. O livro Amor de perdição[6] de camilo castelo Branco foi escrito em prisão porque o autor era acusado de adultério. A dimensão social do casamento é ridiculizada. A obra é um ícone do romantismo, uma referência para a revolução dos sentimentos, os direitos do coração numa época onde a noção de impulso apaixonado ainda não era bem conhecido. A psicanálise ainda não tinha descrito os sentimentos e os impulsos apaixonados, maternos, as fases da libido que permitem atualmente conhecer-se melhor, dominar e utilizar com sabedoria as forças presentes nas nossas relações. Com a psicanálise, os nossos impulsos são menos inquietantes. Esta tomada de consciência permite dominar-se e não render-se naturalmente à inveja e à uns excessos de proteção materna, e de não incentivar o seu filho ou o seu irmão, de ter menos medo nas relações sociais… No casamento, o desejo é reunir no amor a dimensão intitucional e a dimensão afectiva das relações. Por isso, é muito importante namorar e ficar noivo. Desde a sua prisão e para as necessidades artísticas do drama, o autor avança sem recuo na sua tese monólito, fazer reconhecer os sentimentos amorosos. O autor não toma em conta a rica complexidade das relações no casamento. Na demonstração não faltaria o humor se não tivesse refletido uma realidade da época : negligenciar a dimensão sentimental do casamento. A nossa época, pelo contrário, não reconhece a face institucional religiosa do casamento e não aplica as leis, quando existem, que tentam ainda protegê-lo, e proteger os direitos de cada um dos cônjuges. Estes direitos que permitem a cada um não viver fechado num papel único de pai, ou de mãe, ou de uma profissão, mesmo se esta profissão impõe um reconhecimento mediático como a Severa. O noivado permite namorar e ter tempo antes de dar tudo como a fadista Severa. A história da Severa é a de uma amante que dá tudo, mas que em troca recebeu coisas insuficientes para viver, nenhum reconhecimento social e rendimentos profissionais, só vestuários mais elegantes e um apartamento sem aluguer. Fadista e prostituta, tornou-se um ícone popular dos amores entre meios sociais opostos, um fatalismo, uma mentira contra os que desejam viver, trabalhar e amar na fidelidade e para satisfazer os que não desejam partilhar o reconhecimento social.
Os moçárabes
Os mouros[7]habitavam na África do Norte o território de Marrocos (atual) e o Sul da Península Ibérica. A dinastia almoravide reinava sobre o reino mouro e a capital era Marraquexe. Partidos desde a montanha do Elevado Atlas, os Almóadas (os unitárias) iam iniciar sob a direcção do grande conquistador Abd al-Moumen Ibn Ali, a conquista de Marrocos desde 1130 j-c. Durou quase dezassete anos e termina com a queda da dinastia almorávide e pela tomada da sua capital Marrakech em 1147 J-c. Com os Almóadas o Ocidente muçulmano, de Túnis a Marrakech e à Andaluzia encontram-se reunidos. Esta unidade favorecia o desenvolvimento de uma grande civilização considerada doravante como a idade de ouro do Marrocos medieval.
1147 é o ano da tomada de Lisboa por Afonso Henriques, filho de Henriques de Borgonha que herdou pelo seu casamento com Teresa de Leão o condado de Portucale. D. Afonso Henriques, após a conquista cristã de Lisboa, tinha confinado uma zona da cidade para os muçulmanos, a Mouraria. Este bairro e os que são próximos serão a causa das primeiras construções da arte mudéjar origem do estilo manuelino cristão. Na Mouraria, encontram-se minas de argila e ateliers de oleiros desde a era romana. A mão-de-obra moura utilizava materiais mais baratos, acessíveis. Em 1147, os muçulmanos vencidos são reduzidos à condição de escravos e seguidamente agrupados na Mouraria sobre as inclinações do castelo S. Jorge. A arquitectura mudéjar era caracterizada por estruturas tipicamente islâmicas, composições formais e decorativas rítmicas, varandas e torres. O trabalho de carpintaria inspirado no estilo manuelino que existe ainda nas salas mais bonitas do Palácio Nacional de Sintra, torres, muralhas. O bairro da Mouraria foi também o refúgio dos judeus. As duas populações, a de Sintra como a deste bairro de Lisboa viviam juntas. A Mouraria é o berço do fado, o canto dos que batiam o linho para branqueá-lo, o canto dos que não ficam silenciosos, os filhos de Sólon[8]. Afonso Henriques fez muitos prisioneiros e escravos dos moçárabes e muçulmanos. Eles foram deportados. Os moçarabes são também os cristãos, os judeus marranos, os cristãos de Oriente, todos os que são considerados como estrangeiros pelos mouros, os que não compartilham a religião muçulmana. A pessoa era maçárabe no sentido de que estava quase inteiramente arabizado, ou praticamente arabizado, embora mantivesse sua crença cristã. Reiterei esta última definição porque há vários usos da palavra « moçárabe ». Os moçárabes pagavam um imposto e foram tolerados durante o governo mouro (do oitavo ao décimo século) em Aragão, Castela e Leão. O rito moçárabe (cristã) durou do concílio de Toledo III em 589 até à sua supressão no concílio de Burgos de 1080. « […] a deportação de alguns milhares de moçárabes aprisionados e escravizados por Afonso Henriques »[9] « Acrescem a estas circunstâncias desfavoráveis as violências e opressões dos próprios cristãos que, no momento em que avançaram submetiam frequentemente os moçárabes ao cativeiro ou à servidão, confundidos com os muçulmanos »[10]. Não é « confundir » porque os moçárabes têm relações com os católicos do Oriente. A presença no conflito dos moçarabes implica que a guerra tem causas que excedem largamente a pergunta da religião. Trata-se aqui de uma guerra estratégica a fim de tomar possessão de uma feitoria que expandia as relações com o Oriente e a África do Norte ocidental e de poder taxar a população comercial e rica. A conquista de Lisboa fez-se com a ajuda dos cruzados que precisavam de riquezas para financiar a segunda cruzada. Os seus acordos com Afonso Henriques e os de rendição do rei mouro testemunham estas necessidades. « Uma das condições do acordo entre os cruzados e D. Afonso Henriques foi o direito daqueles a quatro dias de saque »[11] « fazendo-lhes entrega outrossim de todo o ouro, prata e dinheiro e do mais que possuíssem »[12]. Estes propósitos mostram que os cruzados vinham para o ouro ; os almorávides dominavam as estradas do ouro africano[13]. E a sua moeda era caracterizada pela qualidade da sua cunhagem mas sobretudo pelo seu teor de metal precioso. É impossível que a batalha de 1147 não esteja ligada à queda dos almorávides . Os cruzados agrupam-se no momento em que o Reino Mourisco é enfraquecido pela guerra almóada. Os Flamengos, Frisons, Normandos, Ingleses, Escoceses e alguns Almães e Franceses passam pelo mar e Lisboa. Os franceses e Germânicos partem em maio de 1147 e tomam a estrada passando pela Hungria e o Imperio Bizantino. “Os alvos dos ataques foram principalmente os bairros muçulmano e judeu. E, nesse mesmo dia, foi assassinado o bispo moçárabe de Lisboa”[14]. De acordo com José Matoso, o rito não mostra nenhum traço da influência árabe. Mas, não é verdade, no canto Separavit do sitio salvemaliturgia-cantomozarabe[15] as entoações do fraseado são de influências árabe e oriental testemunhando a relação comercial e por conseguinte religiosa e cultural entre os cristãos de Ocidente, de Portugal e da Andaluzia com os do Médio-Oriente, e os muçulmanos. Da mesma maneira, a Basílica Santo Marco de Veneza pela sua decoração oriental prova as relações comerciais e a presença de feitorias orientais no Ocidente. A influência mourisca é mais apurada que a dos cristãos de Oriente em Veneza. O rito e a arquitetura das igrejas moçárabes traduzem-se por uma simplicidade e uma preocupação em exprimir a pureza que traduz a influência da sobriedade das conceções dualista-gnósticas dos árabes do Ocidente e as conceções judaicas. As feitorias implicam a presença estrangeira sobre o território, aqui as presenças orientais ricas em diversidade, a presença muçulmana, a presença cristã independente do rito católico romano e a presença judaica. Sob o domínio dos mouros, os cristãos praticavam o rito moçárabe diferente do rito romano. Os cristãos moçárabes eram independentes, vinculados diretamente a Roma. « Um último elemento distintivo do rito moçárabe é a integração de elementos de outras tradições litúrgicas. O gosto pela conservação das suas formas antigas […] a influência, muito provável, do canto e do cerimonial bizantino – amplamente testemunhada numa extensa região da península, de Múrcia a Málaga, entre o fim do seculo VI e o fim do século VII – elementos litúrgicos alexandrinos … »[16] Alguns cristãos de origem visigótica, que não eram realmente convertidos ao catolicismo pensaram em voltar ao seu arianismo[17] fazendo-se muçulmanos. O rito moçárabe, reconhecido por Roma, permitiu principalmente uma terra espiritual entre os mundos do Ocidente mouro, do Ocidente arabe, do Ocidente Europeu, visigodo, católico e um pouco com o Oriente. Neste contexto, o rito foi muito precioso. « Ao fato de os Padres da Igreja hispânica, mesmo escrevendo grande número de tratados (como Isidoro de Sevilha, Paciano de Barcelona, Ildefonso e Julián de Toledo), terem preferido concentrar seu ensino não em obras teológicas, que naquela época teriam sido usadas por poucos, mas na liturgia, da qual todo o povo beneficiaria »[18]. Depois a conversão dos reis visigodos, as composições de textos litúrgicos destinados ao rito permitiu um ensino para a passagem do povo do arianismo[19] ao catolicismo. É assim que se forma o rito moçárabe. Ildefonso de Toledo (608-667) compôs muitas missas e celebrações para a Liturgia das Horas e toda uma “pietas em torno de Maria”[20]Virgem e Mãe. O rito moçárabe favorece a interação da assembleia. Liturgia traduz-se por ação do povo « ergos leitor ». Não é um serviço ao povo, uma filantropia, mas o canto, a oração, as leituras que são ditos pelo povo que participa assim mais ativamente da liturgia. O povo não é passivo. É ativo ao serviço de Deus através da liturgia. E pelos actos espirituais, descobrem Deus ; lá é o segredo do rito moçárabe, era uma ligação entre os judeus e os visigodos arianos e os docetistas[21], os muçulmanos e o pensamento cristão trinitário. A sobriedade do rito moçárabe recorda que « […] essa liturgia conserva, mais do que outras, influencias das celebrações judaicas nas sinagogas. »[22] Sob domínio mouro, porque duvidar da aproximação do rito cristão das celebrações judaicas. Os judeus tinham boas relações com os árabes. Durante a conquista (640-716) « Tanto em Córdova, como nas outras cidades e vilas, os judeus receberam os árabes de braços abertos, pois tinham sofrido muitas perseguições e conversões forçadas, por parte dos visigodos. […] Estabeleceram imediatamente contacto com o oficial muçulmano, que os mobilizou para o seu exército e lhes entregou a missão de guarda da cidade. Os árabes, onde chegavam, entregavam-lhes a guarda e defesa das praças conquistadas. »[23] Os cristãos eram isolados politicamente e em religião do resto da Península. O fado de Coimbra é diferente do fado de Lisboa. Em 1080, o concílio de Burgos, tomou a decisão de substituir o rito moçárabe pelo rito romano, ditado pela Santa Sé em Roma. O clero moçárabe opôs-se particularmente em Coimbra. A cidade pela sua importante implantação moçárabe e pela influência do governador Sisnando Davide, um moçárabe, com o arcebispo de Coimbra Paterne, seria o principal foco de resistência. Um outro oponente foi o abade cluniense de Sahagún, Roberto, que por causa de resistência foi substituído pelo Papa Gregório VII e Bernardo de Sedirac. O rito religioso influencia e inspira a canção popular. O moçárabe opõe-se também através da canção popular. E ainda hoje, a sobriedade do canto moçárabe aparece na melodia do fado de Coimbra orgulhoso das suas origens moçárabes que deixaram na história de grandes poetas, cientistas, filósofos, estrategistas, médicos, políticas.
« Meu amor vai-te deitar já é tarde
Diz o meu pai sempre que vem perto de mim
Nesse misto de orgulho e de saudade
De quem sente um novo amor no meu jardim
E adormeço nos seus braços de guitarra
Doce embalo que renasce a cada dia
Esse sonho de cantar a madrugada
Que foi berço num tasco da Mouraria »[24].
A reversão da saudade por Salazar e pelos interesses estrangeiros em Portugal.
O fado vem de fatu uma palavra latina que significa destino. No Fado, há uma dimensão fatalista, da consciência de pobreza sem esperança de melhoria. Observando as palavras censuradas por Salazar constata-se que a valorização do trabalho e a vontade de lutar contra o analfabetismo não era incentivada pelo governo deixando sem esperanças de progressão os habitantes de Portugal. Com a ditadura fascista que dominará Portugal durante uma metade do século a censura não deixará a possibilidade aos Portugueses de serem responsáveis pelos seus destinos. O governo amordaça a liberdade da palavra que se exercia através do Fado. Uma vez os textos esvaziados do seu conteúdo reivindicativo e realista, o canto dos marginais de Lisboa tornava-se um emblema abstrato da gloriosa e imperialista identidade portuguesa. Num jogo de viravolta do sentido, a saudade, expressão da tristeza e revolta, torna-se o canto de uma fatalidade. A música é autorizada e torna mais suportável a pobreza. Mas, a voz do povo permanece sem poder.
O lundum é uma dança onde os gestos lascivos favorecem a proximidade dos corpos, imitando os gestos da relação sexual. No tempo de D. Manuel I, dançava-se o lundum, o batuque a charamba. Estas danças foram proibidas. São a versão profana de ritos praticados pelos escravos angolanos no Brasil. As cerimónias religiosas eram celebradas para Quilundo a divindade do destino de cada um. O fado retoma o ritual do desafio da pessoa em frente do grupo. Os ritos de iniciação da Africa tinham para tema a introdução da pessoa na sociedade. O lundu era dançado como ritual nas cerimónias de casamento. O lundu é uma dança mista de batuque africano e música portuguesa popular. A culpabilidade do comércio de escravos fez entrar no espírito português uma fatalidade que os portugueses impunham à comunidade africana do Brasil. Em 1807, o bloqueio continental decretado por Napoleão forçará o Príncipe regente (futuro Dom João VI) a embarcar para o Brasil. A Inglaterra disputa os portos de Portugal com a França. Cerca de quinze mil pessoas partem para o Brasil e entre eles encontram-se numerosos empregados para acompanhar os magistrados, nobres e membros do clero. Encomtram-se ali os escravos originários dos países africanos. Para os escravos da América do Norte, em 1619, os africanos são transportados por barco para trabalhar nas plantações de algodão e de tabaco. Os escravos pretos puderam começar a exprimir-se e representar em salas de espetáculo apenas após a guerra de Secessão, em 1861-1865, permitindo a abolição da escravidão por Abraham Lincoln em 1890.
As obras românticas de Almeida Garrett são a expressão de uma mentalidade humanística. A sua educação aberta ao sentido das responsabilidades permite-lhe escrever nas suas obras a crítica dos excessos românticos e ultrarromânticos. O fado arcou com a sociedade da mesmo maneira que Almeida Garrett num expressionismo realista. Este movimento literário e artístico existiu na França através da obra de Prosper Mérimée. P. Mérimée é agnóstico e nunca foi batizado. As suas referências são Voltaire, os enciclopedistas, compartilhava as mesmas ideias do que Stendhal. Como ele, criticava a religião e os seus padres, a Igreja, afixava um materialismo racional e científico. Mas diferencia-se de Stendhal pela sua incerteza perante o mistério das forças da natureza, a presença ao mundo de uma existência que excede a do homem. Aquilo traduz-se pelos seus contos fantásticos e uma crença na potência do destino no inominável como no inefável. O seu materialismo é de um ceticismo que arranja o espiritual, a oração e a poesia no inefável reduzindo assim as artes, o conhecimento, o mundo de Mercúrio a um Hermes sem braços. A sua descrição da sociedade não deixa de ser corrosiva e interessa pelas variedades dos direitos em que a população vivia. Em Mateo Falcone[25] reencontra-se o antigo direito romano do pater famílias de vida e de morte sobre os membros da família. Para este chefe de obra, o mestre usa o seu conhecimento em direito. Próspero Mérimée era titular duma licença em direito à uma época de transição e tomada de consciência dos direitos do indivíduo, dos direitos da criança, de mutação das instituições.
Garett nunca enjeitará a influência de Filinto Elísio, nome arcádico do Padre Francisco Manuel do Nascimento, poeta de formação iluminista e liberal que exilado em Paris, teve por aluno o poeta romântico Lamartine. Filinto Elísio é um pré-romântico, é clássico. Ele defendia a vernaculidade e pureza da Língua Portuguesa e é caracterizado pela sua força de implicação pessoal na existência amargurada do exilado, a revolta contra o destino adverso, o entusiasmo com que conta a obra.
Arcadismo é um estilo literário do seculo XVII. Inicia-se no início do ano 1700. Diz-se também setecentismo o neoclassicismo. Os autores do período imitaram uns aspectos da antiguidade greco-romana no classicismo. E logo após, imitaram os escritores do Renascimento. Um dos principais escritores árcades foi o poeta Horácio que viveu em 68 a.C. É muito conhecido pelo seu pensamento do “carpe diem”. Este movimento literário, que precede o de A. Garett e Prosper Merimée, considerava a moral como natural e que a sociedade corrompe a pessoa. O Abade Gaudin na segunda metade do século XVIII° mostra a sua pertença ao naturalismo e vê salvação para o homem apenas no regresso à natureza. Denuncia a sociedade que corrompe o homem : “De regresso à sua cabana, deixa estoirar a sua alegria que lhe não é natural, o seu pai surpreende-o que corre incessantemente para contar as moedas de ouro ganhas, recompensa da sua delação”[26]. Ao contrário, com Matteo Falcone, P. Mérimée denúncia os prejuízos dos excessos do direito natural romano do pai de família. A história foi publicada na Revista de Paris sob o título “Moeurs de Corse” em 1829. O liberalismo português conta dois movimentos, um agregado à moral e o outro sem moral. O vintismo nasceu numa sociedade portuguesa em grande parte defensora do absolutismo e sem orientação politica clara. A corte estava afastada da metrópole (1808-1820) depois das invasões francesas com o general Jean-Andoche Junot. J. A. Junot como maçon quis ser grão-mestre da maçonaria portuguesa e rei de Portugal. Mas não foi, mesmo se ele tivesse tido o apoio da Igreja. A Igreja temia o espírito revolucionário francês que fez fechar os conventos. Preferia o poder de Napoleão. Ele tivesse voltado a dar o seu lugar à Igreja. Almeida Garrett faz os seus estudos de diereito em Coimbra sob o Vintismo. Era politicamente liberal. O que dá ao seu trabalho uma dimenão realista e um degosto para “os barões” uma oligarquia de financeiros que impõem a ditatura de Costa Cabral. Os seus escritos constituem a crítica do materialismo dos barões. Na obra Viagens na minha terra, Almeida Garett opõe o frade com a sua regra de vida muito simples e o barão como Dom Quixote e Sancho Pança. “ [...] o convento no povoado e o mosteiro no termo animavam, amenizavam, davam alma e grandeza a tudo: eles protegiam as árvores, santificavam as fontes, enchiam a terra de poesia e de solenidade. O que não sabem nem podem fazer os agiotas barões que os substituíram. É muito mais poético o frade do que o barão ”[27]“aquelas instituições (as instituições religiosas) não metem medo aos verdadeiros liberais, e os outros lá têm o espólio dos frades para devorar; ”[28]. O fado é um meio de expressão procedente do liberalismo. É um dos apoios da liberdade de expressão além dos medos e da intolerância. O fado foi controlado pelos regimes do medo mas reaparece para denunciar as injustiças.
O 7 de dezembro 1822, a independência do Brasil é declarada por Pedro, princípe da família real de Portugal. O rei deixou o seu filho regressando em 1820 a Portugal. O 12 de Outobro de 1822, Pedro faz-se proclamar imperador do Brasil. Em 1888, a escravidão é abolida. Em 1889, o imperador é destituído pela oligarquia materialista que não aceita esta reforma liberal. Ao mesmo tempo, em 1802 é instalada na Baía a Loja Virtude e Razão das quais sairam, em 1907, a Loja Humanidade e em 1813 a Loja União. Talvez seja uma ligação entre a maçonaria e o fim da escravidão. Sabemos que os Estados Unidos assinaram a sua independência com os sinais da maçonaria. O filme O Código Da Vinci escrito por Dan Brown tem como assunto a relevância da mulher e o seu papel. A elas foi relegado um papel secundário pela Igreja Católica. Em 1814, a viscondessa de Juromenha , amante do general inglês William Beresford, foi initiada na loja virtude. O objectivo era claro: a viscondessa deveria transmitir aos irmãos os desabafos de alcofa. O que deixa entender que a maçonaria conquistou um espaço no debate público.Na criação destas lojas, nos papéis trazidos acima qual é a parte de verdade? A maioria do tempo a maçonaria chega depois e apropria-se o progresso? É certo que os irmãos apoiam os intelectuais. Mas isolam-nos geralmente para orientá-los. Fazendo do Oriente uma passagem, um corredor, uma iniciação, enquanto os pensadores do Irão faziam do Oriente uma fonte divina da sabedoria e da verdade. O filme, O código da Vinci, inspira-me estas linhas porque está pouco preocupado com suas referências. Marie Madeleine nunca teve crianças. Não há descendência de Jesus. O Evangelho apócrifo de Marie (que acredito ser Maria Madalena) é simples e curto. Trata da Unidade. Maria chora porque os primeiros cristãos não retiveram o seu texto. O priorado de Sião ao qual teria pertencido Léonardo de Vinci não existe. Um grupo foi fundado no século XIX. Comparando o film com as lendas mouras vê-se que assemelham-se a um trabalho preocupado dos factos quando os contos e as lendas mouras anunciam as suas relações com a imaginação e o sonho. Encontramos muitas expressões, palavras como “era uma vez”, “diz-se que”, “há muito tempo”... e também os títulos de lenda, lembram-nos a relação com o imaginário, o sonho, o inconsciente e constituem um inconsciente coletivo, banco de areia e mundo flutuante entre a história, a existência, o sonho e o inconsciente. Este mundo é flutuante porque todos podem vivê-lo na trama simples duma história. Cada vez, cada um pode contar ou contar à sua maneira o conto, haver o tesouro que deseja antes de dormir. O segredo que cerca a iniciação da maçonaria põe problemas porque tudo não é verdadairo nos factos trazidos; existe importantes pressões psicológicas sobre as pessoas que têm responsabilidades. As tomadas de decisões fazem-se à maneira do direito inglês que vem dos normandos “Common Law”. “Common Law”. Era um direito baseado em precedentes, nos casos estabelecidos anteriormente. Era um sistema vinculante, onde o precedente criava a norma a ser seguida. Um sistema que não conheceu o instituto do recurso até o século XIX. Não havia recurso a textos não jurídicos; somente eram validas as decisões dos tribunais, a jurisprudência. O que é semelhante com a maçonaria é o jurí sem promotor. Na Inglaterra adotou-se a figura do júri popular, presente em todas as deliberações. Não existia a figura do promotor, que surgiu na reforma do século XIX. As derivaçoes deste sistema são a pressão que é exercida sobre o júri popular e a campanha de calúnias que acompanha a condenação. O caso de Jeanne d’Arc exposta sobre os mercados em Rouen para desacreditá-la é famoso.
Perseguindo o Islão e as igrejas orientais, os cavaleiros cruzados afastaram a gnose. O conhecimento caiu num período de grandes interrogações que levaram ao desacreditar do pensamento místico da presença de Deus no meio dos homens. Trespassando o coração de Jesus, com o golpe de espada, o soldado romano marca simbolicamente a libertação do espaço virtual do pericárdo no qual o coração do Cristo crucificado tivesse-se parado por falta de lugar. Será que o coração libertado para o golpe de espada teria efetuado um ou dois batimentos antes de parar? E talvez, o olhar de Deus pôs-se uma última vez sobre o soldado que o executava, nas regras da arte, ou sobre os que estavam presentes, a Virgem Maria e São João, os que acreditavam já na ressurreição.
No início deste trabalho, não desejava escrever sobre o fado. Mas a descoberta das suas origens na escravidão deu-me o desejo de escrever para refletir e trazer elementos sobre a importância de guardar uma relação entre o trabalho – compromisso, estudo, reflexão, méritos - e a liberdade de expressão e do reconhecimento social.
Se o fado é o grito da liberdade e um meio de expressão artístico, pode-se esperar ver as instituções defender os interesses das crianças na hora onde o mundo surpreendeu-se ao descobrir uma obra do muito famoso Leonardo da Vinci, a Bonita Princesa[29]. Leonardo da Vinci pertence à memória colectiva. Mas agora, com o trabalho do mestre, Bianca Sforza entra na consciência colectiva. Esta história sai da anedota e vai juntar-se à do jovem Córsega, da de quem fala o abade Gaudin que inspirará a novela de Prosper Mérimée Matteo Falcone. Pois, Bianca Sforza é uma princesa que morreu aos 13 anos e meio após quatro meses de casamento. É possível imitir a hipótese que esta aliança foi decidida pela sua família e servia, talvez uns interesses políticos ou financeros. Bianca é demasiado jovem para casar-se e tomar decisões que necessitavam a experiência da idade adulta, a saúde de uma criança de 13 anos não está adaptada às eventuais gravidezes. Esta hipótese pode ser matizada. Se Bianca já estava doente, casou-se talvez para superar uma doença pela afeição e o amor a uma época onde a medecina não era muito eficaz. A liberdade não pode existir sem a dimensão moral que é o respeito e o amor do outro, sobretudo no casamento.
[1]J. Saramago, Histoire du siège de Lisbonne, Ed. Seuil, 1992, p. 274 : « Or postés face aux cinq portes, l’armée des Portugais n’attendait que ce cri pour se lancer à l’attaque. » traducção : colocado diante das cinco portas, o Exército português esperava pelo grito para iniciar o ataque.
[2]A cruz de guerra, in : Agnès Pellerin, Le fado, Paris : éditions Chandeigne, 2009, p. 223.
[3] Sítio : Câmara Municipal Alcácer do Sal, cultura. Consultado en 2012.
[4] Miguel Gomes, Aquele querido mês de agosto, O som e a fúria, 2008.
[5] Tânia Ganho, A mulher-casa cenas da vida íntima em Paris, Porto Editora, 2012.
[6] Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, LeYa, SA, 2008.
[7]Mouro, palavra que os romanos utilisavam para as populações que habitavam a região noroeste da África, com a Mauritânia. Estas populações juntaram-se aos árabes na conquista da península Ibérica durante o século VIII. A civilização mourisca o moura da Idade Média era principalmente árabe. Ela formará o Reino Mourisco que reune entre Granada e Marrakech um imenso território.
[8] Sólon assumindo o poder absoluto (594 a. C.) o governador anistiou as dívidas dos camponeses, proibiu a escravidão por dívida, aboliu a hipoteca sobre pessoas e bens, libertou os pequenos proprietários que se encontravam escravizados, e impôs limites à extensão das propriedades agrárias… É o inicio da liberdade individual os fundamentos político-jurídico que permitiram o advento da democrática Ateniense.
[9] José Mattose, Os moçárabes, Lisboa Revista Lusitana (Nova Serie) 6 (1985) pp.5-24.
[10] José Mattose, Os moçárabes, Lisboa Revista Lusitana (Nova Serie) 6 (1985) pp.5-24.
[11] Inácia Steinhardt, Raízes dos judeus em Portugal, Assírio Bacelar, Nova vega, 2012, p. 145.
[12] Inácia Steinhardt, Raízes dos judeus em Portugal, Assírio Bacelar, Nova vega, 2012, p. 145.
[13]Pierre Guichard, Al-Andalus 711-1492 : une histoire de l’Espagne musulmane, Hachette Littérature 2000, 2011, p. 157.
[14]Inácio Steinhardt, Raízes dos Judeus em Portugal, Lisboa : Nova Vega, 2012, p. 146.
[15] Rafael Vitola Brodbeck, O canto mazárabe, 28/12/2011.
[16] Moçárabe, ou seja, « entre os árabes », Entrevista com Dom Juan Miguel Ferrer Grenesche de Roberto Rotondo sobre Internet.
[17] O arianismo negava a divindade de Jesus. É uma forma do docetismo como o islão.
[18] Moçárabe, ou seja, « entre os árabes », Entrevista com Dom Juan Miguel FerrerGrenesche de Roberto Rotondo sobre Internet.
[19] Segundo o arianismo, o Filho de deus, segunda pessoa de Deus, segunda pessoa da Trindade, não tinha a mesma essência do Pai, sendo uma divindade de segunda ordem já que nascera mortal. Os ensinamentos de Ário foram condenados no primeiro concílio de Necéia, onde se redigiu um credo estabelecendo que o Filho de Deus era « concebido e não feito », consubstancial ao Pai. Deus é gerado, pela mulher, em Jésus, segunda pessoa de Deus.
[20]Tradução do latino : « pietas adversus deos ». Entrevista com Juan Miguel Ferrer Grenesche de Roberto Rotando. Internet : Moçárabe, seja, « entre os árabes ».
[21] Docetismo vem do grego « dokeo » que significa parecer. A negação da realidade física de Cristo resultou do dualismo.
[22] Inácio Steinhardt, Raízes dos Judeus em Portugal, Assírio Bacelar, Nova Vega, 2012, p. 111.
[23] Inácio Steinhardt, Raízes dos Judeus em Portugal, Assírio Bacelar, Nova Vega, 2012, p. 49.
[24] Tasco de mouraria, Artista Mariza, música Tasco de mouraria, net : Mariza-tasco-de-mouraria.
[25] Uma origem provável de Mateo Falcone, escrito em 1829, é uma anedota dramática da Viagem em Córsega do Abade Gaudin (1787). Intitula-se “Nobreza de alma de uma Córsega”.
[26]Abbé Gaudin, Voyage en Corse et vues politiques sur l’amélioration de cette isle, Paris : Librairie Lefevre, 1787, p.224.
[27] Almeida Garett, Viagens na minha terra, Editora Ulisseia, 2008, p. 91.
[28] Almeida Garett, Viagens na minha terra, Editora Ulisseia, 2008, p. 207.
[29]Léonardo da Vinci, A bonita princesa, colecção privada Peter Silveran.